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(Reprodução) |
O jornal Mania de Saúde traz uma matéria sobre o assunto, a data é dia 5 de maio. Para a matéria o jornal entrevistou a professora Edinalda Maria Ribeiro, Coordenadora da Pós graduação em Literatura, Memória e Sociedade oferecida pelo IF Fluminense no campus Centro.
Veja abaixo a reprodução da matéria:
Utilizado em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, o Português, que imortalizou a lírica de Camões e a metafísica de Fernando Pessoa, está recebendo diversas comemorações simbólicas com o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Em alguns casos, porém, o tom é de lamento, devido ao baixo nível do uso formal da língua por grande parte dos falantes.
Um exemplo claro é o Brasil, que, além de sentir a crise desse aprendizado (cujos efeitos atingem até mesmo a parcela populacional letrada), vive também os sintomas da unificação da língua, cristalizado no acordo ortográfico, que provocou mudanças controversas, como explica a professora Edinalda Almeida, Coordenadora de Pós-Graduação em Literatura, Memória Cultural e Sociedade, do Instituto Federal Fluminense (IFF).
"Há, entre nós, brasileiros, uma grande dificuldade em entender e absorver as regras do registro formal da língua, principalmente fora da escola. Somos um povo muito falante, que usa muito a linguagem informal, o que torna a absorção do nível culto uma luta diária. Isso ficou ainda mais difícil com o acordo ortográfico, que está confundindo e dificultando ainda mais essa absorção", explica a professora.
O inglês britânico e o americano, segundo ela, é um exemplo. Mesmo possuindo a mesma identidade, eles não deixam de ter as suas diferenças. "Uma coisa não interfere na outra. O acordo ortográfico é problemático, pois todo país tem suas peculiaridades. Infelizmente, mais uma vez, o Brasil cedeu às pressões de uns poucos. Eles falam de unificação como forma de melhorar o entendimento, mas qualquer um pode ler Eça de Queirós, Fernando Pessoa e José Saramago sem dificul-dade", exemplifica.
Outro aspecto grave do problema diz respeito ao imediatismo com que grande parte da população trata o aprendizado do idioma, como é o caso de muitas pessoas que fazem concursos públicos. "Não é por acaso que muitas delas, até mesmo possuindo curso superior, pecam no idioma. Ele tem que ser praticado constantemente e não com imediatismo. Acho que deveria haver mais políticas públicas para mudar isso", orienta.
Se, como diz Fernando Pessoa, a nossa pátria é a nossa língua, talvez o dia 12 possa ser um bom momento para discutir todos esses assuntos e, quem sabe, tentar valorizar ainda mais o nosso idioma.